Nana personifica um tipo de mulher sem idade definida, sem beleza, sem vaidade. Apesar das aparências, tem extraordinária resistência física. Não gosta de homens e é praticamente assexuada. Possui uma capacidade de trabalho e uma eficiência fora do comum; tem hábitos austeros e não tolera preguiça, falta de educação, desordem desperdício. É previdente, organizada e tem rigorosos princípios morais. As filhas de Nana são zeladoras dos bons costumes, e não perdoam mentiras, traições, desonestidades. Podem ser tachadas de intolerantes, ranzinzas, rabugentas, queixando-se continuamente de tudo e de todos. Podem também ser boas, sábias e carinhosas.
Nàná Burúkù ou Na Bùkú, orixá genitor associada à terra, à lama e às que a terra contém, lagos e fontes. Nana é considerada o ancestre feminino de todas as divindades do panteão chamado Ànàgónu.
Nàná branca, branca neve, esse aspecto de conter e processar coisas em seu interior, esse segredo ou mistério que se opera em suas entranhas escuras, associada com um processo de interiorização faz com que Nana seja muitas vezes equiparada a Odùa.
Suas contas são divididas em partes iguais de branco com azul escuro, usa-se também o lilás.
Os mortos e os ancestrais são seus filhos.
O Ìbírí é seu símbolo e representa o seu poder genitor.
Ìbírí significa "meu descendente o encontrou e o trouxe de volta para mim". Nana nasceu com ele, ele não lhe foi dado por ninguém, quando ela nasceu, a placenta continha o ìbíri, depois de nascida, uma das extremidades do ibiri se enrolou e cobriu-se de cawris e de finos ornamentos. Então eles o separaram da placenta e o colocaram na terra.
A relação de Nana com os òkù-orun (descendentes existentes em seu interior) e com a fertilidade (descendentes nascidos de seu ventre no àiyé) está simbolizada pelo uso abundante de cawris. Os cauris sem seus moluscos representam os ancestrais assim como as sementes, o Bràjá ou Ibàjá par de fios de búzios de duas fileiras cada, usado cruzado em diagonal, indica que os cauris ancestres-descendentes, são o resultado da interação da direita e da esquerda, do masculino e do feminino, e que se referem tanto ao passado, ao poente (atrás), como ao futuro, o nascente (diante).
Por causa do grande número de cauris que Nana usa, é chamada: aquela que é ou possui os cauiris.
Por causa de seu poder, a terra é invocada e chamada a testemunhar todos os tipos de pactos, particularmente nas iniciações e em relação com a guarda dos segredos, é comum dizer: Que a terra testemunhe. É nessa capacidade que Nàná é qualificada de orixá da justiça.
Saluba Nana!
Discordo do que foi escrito no inicio do texto. Ao contrário do que foi dito, Nanã é personificada na figura de uma anciã, evidenciando o fato de ser uma divindade muito antiga e ao mesmo tempo uma persona divina de qualidades excepcionais. Apesar de lhe ser atribuída uma idade avançada, é uma ayabá extremamente vaidosa. E não existe isso de Nanã não "gostar de homens", pois se assim o fosse a maior autoridade religiosa de seu culto em África não seria um homem.Tanto a questão masculina (que se tornou indevidamente um tabu no Brasil), bem como uma suposta assexualidade, podem estar relacionadas a uma época remota de onde originou-se o culto a divindade. Sua "aversão" aos homens, provavelmente sejam vagas lembranças deste período obscuro onde prevalecia o poder matriarcal, cujos últimos resquícios palpáveis podem ser perceptíveis através das famosas Vênus Neolíticas encontradas em todo o mundo. Sendo que sua assexualidade reforça a idéia de que tratar-se-ia de uma divindade feminina detentora de grande poder. Ao analisarmos atentamente todo o imaginário que envolve Nanã teremos claras referências a esse passado longuinquo, quase imemorial. Cujas representações simbólicas mais expressivas são a ausência utilitária dos metais, a terra ainda não totalmente diferenciada das águas e sua relação com a morte. Morte essa que não deve ser entendida literalmente, pois é uma alegoria alusiva a sua origem neste passado remoto onde viviam os ancestrais. Em um de seus mitos protagoniza a fundação de um império, do qual torna-se rainha e passa a ministrar justiça. Sua associação aos répteis, a peixes fósseis vivos e as regiões mais profundas do mar a aproxima das Mami Wata, deusas arcaicas que representam as águas primordiais, fonte de toda a vida.
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