Translate

domingo, 23 de junho de 2013

ogum




Ògún é um dos orixás mais cultuados por todo povo ioruba e é tido como uma das divindades indispensáveis, pois, na convicção ioruba, todo o ferro e aço existente no planeta, pertencem a ele.

Os ioruba acreditam que Ògún é o orixá pioneiro no sentido literal porque foi, com antecedência, preparar a estrada para as outras divindades. Isto também tem um significado metafórico porque acredita-se que Ògún faz o espaço que leva as divindades aos encontros espirituais com o mundo dos homens e que ele também abre o caminho de prosperidade material e espiritual para os seus adoradores. Ele é chamado Ògún Aládá mejì; o nfi okan xá 'ko, o nfi okan ye 'na - "Ògún, o possuidor de duas espadas: com uma ele prepara a fazenda, e com a outra, ele limpa a estrada". Consequentemente próximo a um bosque ou templo de toda divindade principal em Ile-Ifé e em outros lugares onde seu culto é suficientemente forte, é colocado um assentamento de Ògún, porque acredita-se que sem Ògún, não há nenhum caminho para os homens ou as divindades. 
Ele também é saudado como Ògún, on' ilé owó, olonà olà, on' ilé kàngun-kàngun ti mbé l'orun - " Ògún, o dono da casa de dinheiro, o dono da casa de riquezas, o dono das casas inumeráveis do céu ". Ele também é A-won-l'-eyin-'jú, ègbè l' ehin omo òrùnkàn, on' ile kàngun-kàngun ti mbé l' orun - " Aquele cujos olhos-são-bolas-raras (difíceis de mirar - Esta atribuição se deve ao fato de seus olhos serem como tochas de fogo.), o que vai na frente e o filho espera atrás, o dono das casas inumeráveis no céu ". 
A partir de Ògún é que se conheceu o ferro e suas diversas aplicações no uso, tanto agrícola, como no desbravamento das matas e nas caçadas aos animais selvagens. Ògún é o símbolo da técnica inovadora do ferro forjado e fundido, das armas de caça e pesca em metais, ou seja, a representatividade da era dos metais em nosso planeta.
Todos que fazem uso destas ferramentas e instrumentos dependem dele e o devem algum tributo. Inclusive as divindades. É dito que Orixá ti o wipe t' Ògún kò tó nkan, a f' owo jé 'xu 'e n' igbà aìmoye – "Seja qual for a divindade, diante de Ògún, em nenhuma conseqüência comerá os seus inhames com as mãos (sem uma faca) em momento algum". 
Ògún é um Orixá e também um mensageiro. Todos nós usamos ferro para comer, trabalhar, para se locomover, etc.. Por este motivo, Ògún é o orixá de todos. Forçosamente, todos nós temos Ògún nos caminhos. Deus da agricultura e do ferro. É responsável por tudo o que a humanidade desenvolve nesses setores. Garante o funcionamento saudável do fígado.
Ògún é líder, centralizador do poder, hábil, estrategista. Está sempre presente nas mudanças sociais, políticas e estruturais. Representa a evolução humana e sua luta pela sobrevivência em nosso planeta hostil.
Ògún é onipresente porque tem a mão dele em tudo, ele é considerado como uma divindade que preside os juramentos e contratos. Nos tribunais da Nigéria, as pessoas que não são cristãos nem muçulmanos faziam, ou ainda fazem os seus juramentos para falar a verdade e nada mais que a verdade "normalmente beijando um pedaço de ferro ou uma espada. O pacto ou juramento é feito diante de Ògún e é levado muito a sério.
Duas esposas de rivais, quando suspeitam de más intenções de um contra o outro, normalmente os fazem jurar diante de Ògún para lhes impedir de prejudicar um ao outro em corpo, mente, ou ações. Dois amigos, ou várias pessoas que querem entrar em uma convenção, sociedade ou em um assunto sério também irão diante de Ògún para fazer o juramento. Há vários métodos de jurar ou fazer um pacto deste modo. Um método é pôr uma semente de obì em um pedaço de ferro e quando cada pessoa fizer o requisito depois de falar uma declaração prescrita, a pessoa dá uma mordida na semente de obì, mastiga um pedaço, então cospe o obì no assentamento de Ògún; a outra pessoa pega o resto, que ficou inteiro e come. Para várias pessoas pode haver várias sementes de obì. Ou, os responsáveis podem pegar objetos banhados na água a qual um ferro incandescente do fogo de ferraria foi mergulhado, ou água na qual um emblema de Ògún foi lavado. Acredita-se que qualquer um que jura falsamente por Ògún, ou quebra um juramento feito diante de Ògún, morrerá mutilado, ou por tiro, ou facada, ou acidente de carro ou máquina. O ioruba diz freqüentemente, Bi omodè ba da-'le, ki o má da Ògún, oro Ògún l' èwo - "Se a pessoa quebrar o juramento, não merece estar com Ògún, o assunto é estritamente proibido: onde Ògún é adorado".
De acordo com as tradições orais, ele é uma das divindades mais antigas. Ele era um caçador; e antes da terra ter sido criada, ele descia pela teia de uma aranha até o pântano primordial com a finalidade de caçar.
Olorun, rei de tudo, decidindo criar a terra, chamou Orìxà-nlá e entregou-lhe o saco da existência "Apò-iwà", e deu-lhe as instruções necessárias para a realização da tarefa de tomar conta da terra. Orìxà-nlá, sem perda de tempo, reuniu todos os orìà e preparou-se para sair.
Mas para chegar ao Òpó-Örun-Oún-Àiye, o pilar que liga o Orun ao mundo, existia uma grande floresta de mato fechado, que não dava para ninguém passar. Orìxà-nlá, que era o chefe, entrou na floresta cortando o mato para os outros passarem, mas não conseguiu ir muito à frente, porque a faca dele era de alumínio (fadaka = faca de alumínio Òxàlá), e não agüentando, se quebrou. Ele se cansou e desistiu.
De todas as divindades, só Ògún, possuía o instrumento que era adequado para a tarefa. Ògún se ofereceu para abrir um caminho, mas antes ele fez os outros orìxas lhe prometer uma recompensa merecedora quando a tarefa tivesse sido cumprida. Os orìxà concordaram. Ògún saiu cortando o mato com dois facões. Com um, ele cortava e com outro limpava o caminho, e os orìxà seguiam atrás. Em pouco tempo, Ògún tinha aberto um caminho pelo qual as divindades chegaram à terra. Com isto, ele recebeu o título de iwaju = aquele que vai na frente. Quando eles chegaram a Ile-Ifé, que foi a "sede" da fundação da terra, segundo mitos ioruba, eles recompensaram Ògún com a única coroa que eles trouxeram. Assim Ògún recebeu o título de Osìn-Imalé o "Chefe entre as divindades".Ao abrir caminho, ele serviu de mensageiro, ajudando os demais orìxás.Uma outra tarefa de Ògún quando Orunmìlà criou os seres, foi de esculpir os traços do rosto dos seres (gbena-gbena - escultor). Por este motivo, ele tomou também o nome de Ògún gbena-gbena.
Há os sacerdotes de Ògún que afirmam que em virtude do poder e coragem de Ògún, ele deveria ter sido o "chefe" de todas as divindades, mas o fato é que ele não quis o posto.
Porém, Ògún, sendo um ser muito feroz que gostava de caçar e guerrear, não seria fácil para ele se adaptar a vida em comunidade; e assim ele teve que ir viver na solidão em um lugar chamado Orí-Òkè "O Topo da Colina". Por isso ele continuou a caçar e travar guerras. Seja em nome das divindades ou para satisfazer seu próprio ego.
Depois de um tempo, porém, ele se cansou de viver sozinho e assim resolveu buscar a vida que ele tinha rejeitado. No princípio, a sua aparência bruta e feroz impossibilitou que ele achasse casa em qualquer comunidade. Os baba'láwo dizem:
Ejô ti Ògún nti Orí-Òkè bó, axó iná l' o mú bo 'ra, éwù ejé l' o wó. "O dia que Ògún desceu da montanha, ele estava vestido de fogo e coberto de sangue".
Ele então foi e pediu emprestado roupas a árvore de palmeira! Vestido agora com folhagens frescas de palmeira, ele entrou em Irè e foi proclamado o rei imediatamente. Deram-lhe comida e bebida (ému - vinho de seiva de palmeira). Nessa época, a cidade estava em guerra, uma guerra muito séria e Ògún livrou Ire dos inimigos. Desde então, ele se tornou Ògún, On'Irè "Ògún, o Senhor de Ire". Ire passou a ser a segunda cidade de Ògún, mas a cidade própria de Ògún é Ile-Ifé.

Nenhum comentário:

Postar um comentário