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segunda-feira, 24 de junho de 2013

EWÁ



Yèwá, Òrìsà Egbá, cultuado mais precisamente em Egbádò, no rio Yèwá (paralelo ao rio Ògùn, onde Yèmoja é cultuada), muitos consideram a mesma uma Divindade fòn, que teve seu culto levado para terras yorùbá, outros, assim como eu, acreditam que Yèwá é filha de Odùdúwà com Ìyámoje (Divindade que se transformava em Serpente, de quem Yèwá também herdou este poder)...Alguns acreditam que Yèwá (filha de Odùdúwà - Óòní Ilé Ifè) era virgem e foi "estrupada" por um dos chefes (Obàtáláboromu/Jàgún) da guarda real de Odùdúwà, vindo a engravidar e depois sendo espulsa da casa de seu pai, por isso passou a ser considerada a protetora das virgens e só "incorporaria" em moças virgens...
Porém eu discordo, para mim, Yèwá possui filhas não mais virgens e além da mesma ter tido relacionamento sexual com Òrúnmìlà, quem deu a mesma o poder de visão, foi esposa de Sònpònná (Obalúayé), é uma divindade bastante complexa, veste-se de palha vermelha e recebe o título de Omolúlú Orógbó...
Durante muito tempo, cursou pelos terreiros de candomblé uma falácia. O Orixá Ewá não é feita exclusivamente em mulheres virgens. Pode ser feita em mulheres que já tiveram relação sexual, sem enigma algum.
Ifá nos ensina que, ao nascer, recebemos o nosso Orixá. Essa energia é imutável e inalienável. Por este motivo nunca variará. Quem é de Ewá, pra sempre de Ewá. 
Suponhamos que uma menina, com seus dezessete, dezoito anos descubra a religião e opta por se iniciar. Aos quinze, ela havia perdido a virgindade. Contudo, ela nascera de Ewá. Sabendo-se que o Orixá é imutável em todas e quaisquer hipóteses, qual será a atitude do Babalorixá? Ao se iniciar nos segredos de Ifá, aprende-se que não se deve alterar as informações fornecidas pela energia do oráculo.
Será que o Babalorixá irá mentir, mesmo sabendo que é contra os dogmas?
É uma questão polêmica, quando se trata de Orixá e sua inalienabilidade.
Conta um Itàn tradicional que Orúnmilá, o Orixá da sabedoria corria de Ikú, o Orixá da morte. O primeiro local que ele viu, serviu de esconderijo para não morrer: de baixo da saia de Ewá. Ikú passou direto e Orúnmilá não morreu. Este Itàn, assim como outros, possui um sentido totalmente conotativo e não denotativo. Todas as vezes que se toca o nome de um Orixá, a sua representação é que está em evidência. Conclui-se a partir daí que, a sabedoria corria da morte. Quando se fala de virgindade em analogia com Ewá, estamos lhe dando com uma questão de má tradução do Ioruba para o Português.
Na verdade, a palavra “Wá” significa “pura” e em alguns casos “protetora”. Logo, podemos admitir de braços abertos que – a “virgindade de Ewá” não está ligada ao conceito sexual.
Conclui-se também que, a pureza e a proteção da energia feminina está sobre a sabedoria. Logo, a morte não se aproxima. Por tanto, esse é mais um conceito verídico e estudado de que as meninas virgens ou não virgens podem sim ser iniciadas a Ewá.

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